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Marcos Marciano

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Crônica

Como dizer eu te amo

O último ensaio de Roland Barthes seria sobre Stendhal. “Malogramos sempre ao falar do que amamos”. Era esse o título. Li que Barthes conseguiu datilografar apenas uma página. A segunda ficou para sempre limpa, enfiada na máquina de escrever em seu escritório. Antes de terminar a revisão e bater o manuscrito, o pensador francês sofreu
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Conto

Da primeira vez que não morri

Por mais que contem para a gente desde muito cedo que basta estar vivo para morrer, a compreensão real da nossa fragilidade e finitude vem mesmo é com a idade. Posso, por exemplo, com absurda facilidade guilhotinar alguns dedos com a gaveta da escrivaninha. Não que eu vá fazer algo assim, que horror. É só
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Judgement
Crônica

A coisa não homem

Isto aqui vai começar de um jeito nada a ver. Tenho uma palavra favorita: nenúfar. É boa de falar, é boa de escrever. Tente. Posso esperar. Aliás, tente depois. Leia o texto primeiro e tente depois. Eu, por exemplo, destro até com a canhota, sei que já escrevi nenúfar mais do que uma vez com
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Conto

Carta de amor em dia frio

Ei, amor. Meu dengo, meu colo. Não devolvi a carta mais cedo, você sabe, claro que sabe, pois o mundo estava acabando. Não sei se já acabou. Será que o fim dos tempos pode ser frio, chuvoso e cinzento? Chove lá fora, sim, e cá dentro é só água também. Tudo úmido, das janelas à
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Conto

Carta de amor em dia quente

Ei, meu bem, meu amor. Bebê, minha linda. Hoje o termômetro, aquele de mercúrio na parede da sala, marcou 38 graus centígrados e eu senti uma saudade louca de você. Termômetros e cartas, sou assim, né? Old school, estilo Caetano, voz da Gal. O mundo está acabando e eu longe de seus muxoxos, querendo escutar
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Crônica

Geladeira

Há quem fique louco, possesso, ao vislumbrar o final do reto, o esfíncter pulsante, a dobra anal de um gato em seu travesseiro de fronha limpa. Há quem aposte alguns dedos da mão e os perca, assim, num átimo, por fiar que suas cartas são melhores que as do homenzarrão recendendo à catuaba do outro
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Crônica

Por que tão cinzas vossos corações?

Quando criança, infelizmente, estraguei duas coisas que meu pai gostava muito: um vinil do Queen, acho que de um show ao vivo, e um pequeno quadro decorativo, daqueles com vidro e areia dentro e que dão altos efeitos legais. Eu menti para ele sobre ambos os estragos. O vinil estraguei ao fingir que ele era
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Crônica

O Brasil não é um tiozão de boteco

O Brasil não é um tiozão de boteco. Apesar do homúnculo que por ora detém a caneta da Presidência da República levantar caixa de remédio como Cafu ergueu nossa última Copa do Mundo, apesar dos jeitinhos e cambalhotas do nosso Supremo e das passadas de pano para decisões de Moro quando juiz, o Brasil não
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Conto

À espera do ônibus

Certa vez, quando estava à espera do ônibus que me levaria do trabalho para casa, vi o garoto que se apaixonou por uma flor no asfalto. Ele devia ter no máximo uns seis anos de idade, ou eu quero acreditar que ele tivesse, já que não possuo grande habilidade para definir a idade das crianças
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Sem título
Conto

Um Pedro

Pedro é alto, pardo e magro. Gosta de pensar que Kant, sim, Immanuel Kant, também era. Um professor lhe disse, há muito tempo, que os vizinhos do filósofo prussiano costumavam marcar o tempo em função dos momentos em que Kant passava sob suas janelas a caminho de casa ou para a universidade de Königsberg, tamanho
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