Recentemente comecei a seguir um perfil de boas notícias e ações, o Razões Para Acreditar. Nele você encontra desde postagens bem fofinhas até histórias de superação e de empatia. Com tanta notícia ruim rodando o país e o mundo, achar esse perfil foi um alívio.
Confesso que na maioria das postagens, sempre me emociono e penso que o mundo ainda tem solução. Cheguei à conclusão de que grande parte das pessoas está cercada de tanta tensão, pessimismo, egoísmo e conformidade (não vou ser hipócrita de não me incluir nessa, lembra do Tsunami que Nunca vai Chegar?), que foi preciso uma página com a exposição de gentileza e notícias boas para valorizar — e por que não propagar? — boas ações atualmente. A partir daí, eu comecei a me questionar: de onde vem a bondade humana.
Cultural?
É claro que nunca existiu uma época em que as pessoas viviam despreocupadas e praticando o bem para todos. Acho que é natural do ser humano pensar no seu instinto de sobrevivência em primeiro lugar no final das contas. O autor Robert Winston, em seu livro “Instinto Humano”, examina a partir de nossos ancestrais, instintos humanos como os de sobrevivência, busca por conhecimento, desejo sexual, competição, agressão e altruísmo.
De acordo com o autor, instinto é a parte do nosso comportamento que não é fruto de aprendizado. Porém, nosso ambiente e nosso aprendizado têm grande influência no modo pelo qual nossos instintos se expressam, ou seja, o desenvolvimento da natureza humana depende das pessoas e da cultura à nossa volta.
Em nosso desenvolvimento, aprendemos a fazer uso de ferramentas, descobrimos o fogo e seus usos, exploramos o mundo que habitamos. A partir daí, começamos a conversar uns com os outros e a viver em grupos. Por isso, relações de cooperação e familiaridade possibilitaram a formação de grupos maiores e o aumento da divisão de trabalho nos permitiu criar raízes, construir civilizações e ter uma vida cultural ativa. A bondade, ao que parece, é a vontade de preservar o bem-estar do grupo e preservar a nossa sobrevivência em sociedade.
Biológico?
Para além do viés antropológico, uma pesquisa da Universidade de Oregon, citada em uma reportagem do jornal New York Times, evidencia que a oxitocina está por trás dos dois pilares emocionais da civilização: empatia e confiança.
Na pesquisa, cientistas descobriram que diferenças genéticas na capacidade de resposta das pessoas aos efeitos da oxitocina estavam ligadas à sua habilidade de “ler” rostos, deduzir as emoções dos outros, sofrer com as dificuldades alheias e até a se identificar com personagens de um romance ou revista em quadrinhos, o que prova que a bondade humana também tem causas biológicas.
A bondade de cada um
Seja pela definição antropológica ou biológica, a bondade é sentimento intrínseco ao ser humano. Com a exceção, claro, de pessoas que sofrem de certos transtornos psicológicos — mas isso é um assunto para outra ocasião.
Para mim, a bondade está muito interligada à empatia. Eu posso me gabar e dizer que procuro sempre me colocar no lugar do outro. Porém, como tudo na vida, nada é tão simples como parece: ser bondoso tem também suas dores.
O problema é que, além de você se colocar no lugar do outro, é necessário ser forte o suficiente para entender e superar o fato de que nem todos, e arrisco dizer que a maioria, terá a mesma sensibilidade de colocar-se no seu lugar também.
E acho que aí se encontra o lado interessante da bondade. Ter essa força, mas se respeitando no processo. E você? De onde vem a sua bondade? Ou o que é bondade na sua concepção?