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Crônica

Fofíssima #6

Eu já quis — muito, aliás — ser o Jeff Buckley. Sem a coisa do morrer e tal. Só tocar e cantar muito, mas já desencanei. Por sinal, estou assoviando um oh, that was soooooo real exatamente agora. Tem gente que gostaria de ser o Elvis, ou Jesus. Eu já quis ser o Jeff, mas hoje só quero ter uma assinatura decente, uma rubrica legal. Minha. Marcos esteve aqui.

Na sexta passada acordei e olhei para o teto, então imaginei como seria interessante grudar um sulfite ali com os seguintes dizeres em Times New Roman: “Fique na cama hoje”. Um bilhete sóbrio e direto para mim mesmo. Acordar todos os dias e ser autorizado a ficar na cama. Há dias em que o fardo de ser o dono do próprio reflexo é um troço. “Fique na cama hoje”, bem sóbrio. Uma rubrica legal logo abaixo.

Aí lembrei que um dia teria que tirar aquele negócio de lá por algum motivo. Puxar a cama, pegar uma escada. Antecipar uma possível queda e, quem sabe, uma tetraplegia. Guardar a escada, puxar a cama. Olhar a mancha de cola no teto. Pegar a escada outra vez, puxar a cama, antecipar a chance maior de tetraplegia ao limpar o teto em cima da escada com uma esponja. Preguiça bateu e desisti da empreitada. Levantei e fui trabalhar. Treinei minha rubrica durante a tarde e ela é quase linda.

Tags : crônicafofíssimahumorjeff buckleymúsicareflexão
Marcos Marciano

The author Marcos Marciano

Marcos Marciano é um ser humano amador. Formou-se em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, lê livros por esporte e escreve por falta de vergonha na cara. Ainda não sabe por que a Débora resolveu se casar com ele.

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