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Reflexão

Vamos ligar o seu fofa-se?

Olá! Você acabou de chegar e eu já vou te sugerir uma pequena pausa antes de seguir comigo para as próximas linhas. Pensa um pouquinho aí e volta logo: quais são os pesos da sua vida?

… (já pensou?)

Pronto? Então vem comigo, jovem, vamos conversar.

Somos sobrecarregados por nós mesmos e/ou pelos outros o tempo todo. Afazeres, obrigações, prazos, boletos, desejos, vontades, expectativas próprias ou alheias. Não bastasse “o que”, jogamos peso sobre nossa cabeça com o “como”. Basicamente, seria algo assim: “aquilo que eu fiz do jeito que fiz — ou o que eu pretendo fazer — será que está uma merd*? Será que eu deveria ter feito melhor? Será que as pessoas estão pensando algo negativo sobre mim por isso? Será que eu deveria ter esperado mais para fazer?Será? Será? Será?”. Eu chamo isso de ruminação.

Vamos colocar os pingos nos is. Não estou querendo dizer que não podemos ou não devemos pensar sobre as nossas ações. Porque feliz é aquele que tem uma boa capacidade de análise!

Análise X Ruminação

Penso que é importante fazermos essa diferenciação para seguirmos alinhados, falando e entendendo sobre a mesma coisa. Até porque em alguns casos a diferença pode ser sutil. Veja as definições de analisar e ruminar (sentido figurado) no Dicionário Michaelis.

Analisar se refere a decompor em partes, investigar, examinar minuciosamente (com detalhes, com cuidado), ponderar. Já o sentido figurado de ruminar se refere a pensar exaustivamente (com cansaço intenso) em um assunto.

Assim, quem analisa algo tira suas conclusões e segue a vida. Em situações futuras, resgata as conclusões dessa análise e pratica a geração de novas conclusões, atualizadas para resolverem as questões atuais.

Quem rumina, não sai do lugar. Sofre e re-sofre com o mesmo assunto, sem achar saída. Não parece muito útil, certo?

Então como combater as ruminações?

Aqui entra o que eu carinhosamente chamo de ligar o fofa-se. Mas o que é isso, Débora?

É sobre se respeitar, ter carinho consigo mesmo, entender os seus limites e os dos outros. Ser uma pessoa fofa — para si em primeiro lugar. Na teoria é algo simples de entender, na prática é um trabalho cumulativo que às vezes a gente esquece. Nós vamos detalhar mais essas ideias daqui a pouco.

A importância do porquê

Vamos voltar a uma coisa que eu disse lá no início: somos sobrecarregados por nós mesmos e/ou pelos outros o tempo todo. Você já se preocupa demais com o que tem que fazer e com o como. Mas cadê o porquê? Simon Sinek, palestrante e consultor organizacional britânico-americano, fala a respeito da importância de começar pelo porquê (recomendo o vídeo da participação dele no TED) em seu livro.

O que absorvi sobre as ideias do autor é que quando você se pergunta por que quer ou precisa fazer cada atividade, você sai do automático e dá sentido às suas ações. No caso de negócios, que Sinek analisa, você se conecta com os seus clientes se entende o porquê da existência da sua empresa, produto ou solução. Tem algo mais importante do que fazer com propósito?

E quanto mais particular é o seu propósito, melhor. Assim você realiza verdadeiramente os seus desejos e não o que os outros querem para você ou, pior ainda, o que você acha que os outros querem para você.

Ligando definitivamente o fofa-se

Lembra quando eu te perguntei quais são os pesos da sua vida? Vamos retomar essa ideia agora. O que você se fala por causa desses pesos?

… (pensa aí de novo, eu espero.)

Seriam coisas como:

  • eu sou um burro
  • eu não devia ter feito isso
  • eu não devia ter feito assim
  • eu sou inútil
  • eu não consigo
  • eu não posso fazer
  • eu não sou capaz
  • eu não tenho sorte
  • ninguém se importa
  • eu não sou bom em nada
  • eu não ___________ o suficiente?

Agora imagine que um grande amigo ou amiga, por quem você tem um imenso carinho e cuidado, está passando por uma dificuldade semelhante às que você mesmo descreveu quando te fiz a pergunta. O que você fala para essa pessoa a respeito dos pesos dela?

Te peguei, hein?

Aposto que você é muito mais comedido e tranquilo ao lidar com as dificuldades das pessoas próximas por quem você tem carinho. Ou seja, está faltando um olhar carinhoso direcionado a si mesmo.

Eu vou insistir com você: tenha autocuidado. Sabe por que insisto? Porque também me esqueço às vezes, mas sempre que me lembro de agir assim, agradeço a mim mesma profundamente.

Ame-se. Aprecie a sua existência. Respeite-se. Conheça-se. Se você pode ser uma pessoa super legal para o seu amigo passando por dificuldades, você pode e deve ser essa pessoa por você também.

Débora Lopes

The author Débora Lopes

A profissão oficial é psicóloga, mas faz um monte de coisas. Devoradora de livros, maratonista de seriados, mãe de cachorro... Débora é uma jovem idosa que jamais recusa um café com os amigos. Ama viajar, especialmente para lugares frios.

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