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Crônica

O uso correto dos porquês

Longe do pedantismo facebookiano, dos abutres alertas e muito entendidos. Qualquer interessado pode ter à mão um guia prático de língua portuguesa e aprender qual é o uso correto dos porquês.

Falo é do uso real, no batente, das razões de pegar o ônibus ou de desistir no último segundo — marcar a opção b a lápis no caderno de provas, mas despejar quase um mililitro de tinta preta da esferográfica no quadradinho destinada à letra d, sim senhor. Alguns fazem a pergunta antes, outros fazem a pergunta depois de já terem agido. Mas ela está sempre lá: por quê? E eu nem sei se funcionamos o tempo inteiro tentando concatenar uma sequência lógica de ações e reações, motivos para isso, respostas para aquilo, pelo menos não de maneira consciente. Neurologistas ou psicólogos ou filósofos ou todos juntos tentando entender como e por que as coisas acabam saindo da nossa boca sem ao menos termos um vislumbre de toooooooda a complexa rede desgraçada de enorme (por isso o toooooooda, tentei fazer você ler com uma certa entonação), mas uma rede desgraçada de enorme mesmo, de consequências e porquês.

Às vezes é um saco brincar de ser humano. Não de existir como humano, mas brincar de homo sapiens mesmo e, ainda por cima, não saber o uso correto dos porquês.

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Marcos Marciano

The author Marcos Marciano

Marcos Marciano é um ser humano amador. Formou-se em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, lê livros por esporte e escreve por falta de vergonha na cara. Ainda não sabe por que a Débora resolveu se casar com ele.

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