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Reflexão

Qual é o custo das suas escolhas?

Algo que paramos poucas vezes para pensar, mas que faz uma diferença enorme no curso das nossas vidas é refletir sobre o custo das escolhas. Você já parou pra pensar que tudo que resolvemos fazer ou deixar de fazer tem um custo? Segue aqui comigo:

Eu escolhi trabalhar como autônoma no meu consultório. Obviamente há uma série de benefícios, senão eu não teria escolhido essa opção, mas ela vem com custos também. Por exemplo, o Marcos é servidor público e ele tem uma segurança que eu jamais vou ter com o consultório. O meu trabalho é muito mais vulnerável a fatores externos do que o dele.

Pegando esse gancho do Marcos ser servidor público, podemos dizer que ele tem mais segurança, mas bem menos autonomia do que eu para resolver a vida. Veja essa situação: para tirar férias ele precisa entrar em acordo com os colegas sobre quando e por quanto tempo cada um vai tirar os 30 dias de descanso. Por outro lado, eu posso tirar quanto tempo de férias eu quiser — só para você ter uma ideia, eu separo entre 4 a 6 semanas por ano para férias, dependendo do tipo de planejamento que eu tenho para aquele período. Mas aí tenho o custo: cada dia sem trabalhar é um dia sem receber, já que sou autônoma. Tem outro custo também: o compromisso com meus clientes. Mesmo que eu queira tirar férias, que eu tenha juntado dinheiro para poder ficar esse tempo sem receber, eu não posso da minha cabeça simplesmente tirar quanto tempo eu quiser, porque trabalho com saúde mental e preciso estar disponível o mais rápido possível para retomar os atendimentos das pessoas.

Está conseguindo entender essa historinha do custo das escolhas a partir dos exemplos? O que eu quero dizer com isso é o seguinte: você pode até querer, mas não existe uma escolha perfeita! Quando você faz uma escolha, automaticamente já aconteceu uma coisa: você abriu mão das outras possibilidades que estavam na mesa. Pronto, já teve um custo: perder as outras possibilidades. Importante: quero lembrar que você perdeu as outras possibilidades NAQUELE momento da escolha. As coisas da vida não estão escritas em pedra, nós podemos mudar as nossas escolhas — de imediato ou daqui algum tempo. Queria te contar isso para não deixar esse texto com aquele tom de “pense mil vezes, porque você pode se arrepender”. Se arrepender faz parte da vida, daí você pega esse arrependimento, converte em aprendizado e segue o baile. Agora… voltando à nossa conversa: além do custo de ter perdido as outras possibilidades a partir do momento em que você faz uma escolha, você tem os custos da escolha em si. Ah, também quero te lembrar que se você quiser roubar no jogo da vida não escolhendo, vou te contar o seguinte: não escolher também é uma escolha. Você só acha que não!

Quando você escolhe, os custos vêm junto dos benefícios. Eu já dei exemplos do meu trabalho e do Marcos e de algumas particularidades que mostram quais custos nós temos dentro desse universo de escolha de trabalho autônomo, pra mim, e de serviço público, pra ele. A vida de todo mundo tem problemas e demandas a serem resolvidas. Quando escolhemos algo, precisamos ter essa consciência de escolher os problemas com os quais preferimos lidar. Eu prefiro 273 vezes lidar com a insegurança que o trabalho autônomo me traz do que lidar com o engessamento de vida que eu teria no serviço público, só pra dar um exemplo. Eu não estou aqui dizendo o que é certo ou errado, mas sim que a partir do meu crivo de valores, mandar no meu próprio trabalho vale mais. Vale mais para a Débora! Mas a vida não é um moranguinho e eu preciso lidar com:

  • Cancelamentos de horário em cima da hora;
  • Já lidei com calote láááá no início da minha carreira;
  • Meses em que o pessoal sai de férias e a minha receita diminui — dezembro é campeão nisso;
  • Particularidades da vida dos clientes que eu atendo, por exemplo, queda da renda ou perda de emprego e eles não poderem continuar a terapia;
  • Vez ou outra eu precisar lidar com a urgência de alguém e assim estar disponível em um horário em que teoricamente eu estaria descansando.

Nada disso é ruim o suficiente para mim de forma que eu largasse essa escolha de lado. Entende o que eu quero dizer? São custos, mas eu acho que estou pagando barato quando comparo com o tipo e a quantidade de benefícios que tenho.

Foquei em trabalho porque achei que ficou bem didático para explicar. Mas isso que eu estou falando aqui com você vale para qualquer escolha. Vamos lá: você tem mil reais. Se escolher viajar com esse dinheiro, possivelmente terá alguns custos:

  • Escolher um roteiro que caiba nesse valor e que pode não ser o roteiro dos seus sonhos;
  • Ficar descapitalizado e não ter dinheiro para uma emergência.

Se você escolher investir esse dinheiro em vez de viajar, você pode ter esses custos:

  • Deixa de ter essa viagem de férias que você tanto queria;
  • Pensar qual investimento vai ser mais interessante, ou seja, você tem o custo de gastar algumas horas de estudo com isso, gostando ou não desse assunto.

Você está em um relacionamento, mas pensando em terminar porque as coisas não vão bem e não está vendo muita chance de conserto. Se termina, tem o custo de reinventar sua vida sem a rotina com aquela pessoa. Se você continua, permanece em um relacionamento que não está te fazendo bem.

Se a sua mãe quer que você vá na festa de família que você não quer ir e acaba indo, tem o custo de fazer uma coisa que não queria e o custo de deixar de fazer coisas que você queria. Mas se você não vai, tem o custo da sua mãe te enchendo o saco por um tempo. 

O que vale mais para você em cada uma das suas escolhas e que compensa os custos que vêm associados? De novo: não tem resposta certa e resposta errada. Não tem um manual disso, em que você vai lá e o gabarito está certinho assim: “ó, aqui é escolha certa”. O caminho certo para escolher bem é conhecer seus valores, as coisas que você acredita e quer vivenciar, lembrando SEMPRE do respeito e da cordialidade com as pessoas ao seu redor. Mas respeito e cordialidade não é fazer o que os outros querem, viu? É mais voltado para a ideia de não passar por cima das pessoas como se você fosse um trator.

Então, recapitulando: tenha conhecimento dos seus valores, das suas crenças, e faça todas as suas escolhas ancoradas nisso. Lembre do que eu te falei sobre os custos e faça esse esforcinho de identificar os possíveis custos dentro de cada escolha. Daí, vá naqueles que você vai ter mais facilidade de pagar, se for o caso, ou de aceitar.

Tags : custosescolhaspsicologiareflexãovida em sociedade
Débora Lopes

The author Débora Lopes

A profissão oficial é psicóloga, mas faz um monte de coisas. Devoradora de livros, maratonista de seriados, mãe de cachorro... Débora é uma jovem idosa que jamais recusa um café com os amigos. Ama viajar, especialmente para lugares frios.

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